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Brasil: Nota pública de repúdio às declarações do ministro Paulo Guedes

Viernes, 07 de Mayo de 2021
Políticas y Derechos

Ministro da Economia, Paulo Guedes, culpa o aumento da expectativa de vida, o avanço da medicina, pela situação do setor da saúde, e de forma preconceituosa diz que a causa é que “Todo mundo quer viver 100 anos, 120, 130”.

AMPID

A Associação Nacional dos Membros do Ministério Público de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Idosos – AMPID manifesta repúdio às declarações do Ministro da Economia, senhor Paulo Guedes, que, durante reunião do Conselho de Saúde Complementar ocorrida em 27/04/2021, culpa o aumento da expectativa de vida, o avanço da medicina, pela situação do setor da saúde, e de forma preconceituosa diz “Todo mundo quer viver 100 anos, 120, 130 (anos) … não há capacidade de investimento para que o Estado consiga acompanhar” … “a busca por atendimento médico crescente…”.

Ao contrário do entendimento do Ministro da Economia, a Organização das Nações Unidas (ONU) considera o aumento da expectativa de vida uma das transformações sociais mais significativas do século XXI, devendo ser festejada como uma das maiores conquistas da humanidade, devendo assim ser visto e interpretado pelos governos de todas as nações civilizadas.

O entendimento do Ministro da Economia, além de afrontar proposições dos organismos internacionais (ONU e OEA) e do ordenamento jurídico brasileiro garantista de direitos da pessoa idosa (Constituição da República, Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/2003), revela o preconceito – pessoal e institucional – por idade (idadismo, ageismo, etarismo). Essa insensibilidade manifesta só confirma o descaso e a omissão do governo federal com medidas sanitárias e imunológicas firmes de combate à pandemia, que vem vitimando milhares de pessoas idosas pela Covid-19.

No ano em que a Organização das Nações Unidas (ONU)  promove a próxima década como a Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030), e lança uma Campanha Global de Combate ao Idadismo, as palavras do Ministro da Economia expressam a mais completa ignorância de um agente/gestor público, que deveria trabalhar para  buscar avanços sociais para as pessoas idosas.

É preciso reafirmar e reconhecer que o aumento da expectativa de vida demandará políticas públicas inteligentes e ousadas que tenham implicações transversais a todos os setores da sociedade – no mercado laboral e financeiro; na procura de bens e serviços como a habitação, nos transportes e na proteção social; e nas estruturas familiares e laços intergeracionais.

Esperamos que as falas e omissões reveladoras de preconceitos pessoais e institucional dos representantes governamentais, acabem!

Esperamos que o Ministro da Economia venha a público e se desculpe pelo preconceito reverberado – afinal também é uma pessoa idosa – e, na sequência, que promova adequadas políticas públicas para o fortalecimento e garantia de direitos e dignidade da pessoa humana na velhice!

A AMPID expresa seu veemente REPÚDIO às declarações do senhor Ministro da Economia e, ao mesmo tempo, conclama a sociedade brasileira para que, de forma consciente, elimine toda forma de preconceito e discriminação em relação à idade das pessoas (idadismo, ageismo, etarismo).

A sociedade brasileira é de todas as idades e para ser livre, justa e solidária precisa criar condições e garantir a dignidade de pessoas com 60, 70, 80, 90, 100 … 130 anos ou mais.

Brasília, 28 de abril de 2021.

Maria Aparecida Gugel, Presidenta
Gabriele Gadelha Barboza de Almeida, Vice-Presidenta
Alexandre De Oliveira Alcântara, Conselho Técnico-científico


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Fuente: Portal do Envelhecimento - 29/04/2021
https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/nota-publica-de-repudio-as-declaracoes-do-ministro-paulo-guedes/